Sola Gratia

Sola Gratia

Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?
1 Corintios 4:7

Como você se sente quando tudo vai mal na sua vida? Já passou pela sua cabeça o seguinte questionamento: Por que estou passando por isso enquanto tantas pessoas bem piores parecem bem satisfeitas? Ou quando tudo está indo bem, não te dá uma vontade de olhar para as dificuldades dos outros e pensar: “Se essa pessoa fosse tão esforçada quanto eu talvez não estivesse passando por isso?”
Já reparou como temos a tendência de acreditar na lógica do mérito e demérito? Do débito e crédito? Diariamente somos assaltados pela insatisfação com aquilo que temos ou pelo orgulho de nossas conquistas. A soberba toma conta dos nossos corações à medida que nossa memória falha em nos lembrar quem somos e o que realmente merecemos diante de Deus. Enquanto acredito que tenho direitos e que todos os meus benefícios desfrutados são apenas uma maneira de Deus me recompensar por meus esforços e sabedoria, mais estarei inclinado ao orgulho quando as circunstâncias forem favoráveis e mais revoltado ficarei quando as adversidades chegarem.
Esse texto do apóstolo Paulo contém três perguntas retóricas que nos trazem algumas lições preciosas: A primeira é que nós não somos os principais responsáveis por nossos sucessos na vida, mas o Deus Pai que controla todas as coisas e por sua imensa graça nos capacitou em cada desafio até que estivéssemos preparados para tal oportunidade. Não se trata de mérito, mas sim do agir generoso do nosso Senhor que trabalha em nosso favor mesmo quando nem percebemos isso acontecendo.
A resposta à segunda pergunta é muito obvia: Não possuímos absolutamente nada nessa vida que não tenha sido nos dada pela bondade de Deus. O Criador não apenas nos capacita a vencermos nossos desafios, mas também é o legítimo proprietário de tudo aquilo que insistimos em nos iludir ao considerar como nosso. Ao lembrar disso, Jó conseguiu adorar mesmo em meio ao sofrimento pelo luto de todos os seus filhos e pela sua falência financeira. Ele percebeu que poderia suportar todas aquelas angústias porque entendeu que na verdade tudo que perdeu já havia sido entregue a ele por meio do favor imerecido de Deus. Assim nos diz o verso 21 do cap. 1: “o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Ninguém em sã consciência teria coragem de brigar pelo pedido de devolução daquilo nunca foi seu, mas que temporariamente estava sob seus cuidados. Deus não está sendo injusto ao recolher o que nos havia dado, apenas usando Sua prerrogativa para cumprir Seus propósitos eternos.
A terceira lição que podemos encontrar aqui é que o orgulho sempre aponta para nossa total ignorância a respeito das mãos de quem recebemos cada dádiva nessa vida. Não vivemos na premissa do “faça por merecer”, mas sim plenamente confiados nos méritos de Cristo, por meio de quem recebemos tudo aquilo que precisamos para viver, mas principalmente o que precisamos para morrer, pois também vem de Cristo, pela graça, o pagamento total do nosso pecado que consiste na única e exclusiva maneira de recebermos vida eterna com Deus. E nisso não há nenhuma razão para se orgulhar, mas todo motivo do mundo para celebrar com toda gratidão e louvor ao Deus que nos amou e nos salvou.

Rev.Ramonn Ribas Vitória

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